e shtunë, dhjetor 11, 2004

Relato da Primeira Reunião

FÓRUM PERMANENTE PAULISTA DE MÚSICA
Grupo de Trabalho Formação



Relato da Primeira Reunião


No dia 02 de dezembro de 2004, das 19h às 21h30, estiveram reunidos na sede da Funarte São Paulo (Alameda Nothman 1058) os seguintes músicos: Adyel Silva, Aída Machado, Antonio Herci, Cláudia Polastre, Flávia Motoyama Narita, Isabel Bertevelli, Itamar Vidal, João Ba, Mario Ficarelli, Sandra Viana e Susana E. Krüger. Cada um recebeu uma cópia do documento elaborado no Fórum de Diadema, a fim de que as discussões do grupo pudessem contribuir para aperfeiçoar e expandir o que foi tratado naquela ocasião.
O grupo optou por iniciar as atividades com as apresentações individuais dos participantes, sendo que cada um deveria destacar sua atuação profissional e as principais preocupações na área de Formação Musical (Ed. Musical, Form. Profissional e Form. de Platéia) as quais o levaram a querer contribuir neste GT.
A seguir são apresentados as principais preocupações e os pontos discutidos, de forma individual (nome do proponente) ou identificadas por “grupo” (vários proponentes).

Grupo: a música é um elemento universal, importante na formação integral do ser humano.
Adyel: a música deve ser trabalhada na educação básica e ser acessível a todos os brasileiros. Ela tem um importantíssimo papel como agente de inclusão social. O currículo deve ser elaborado com muito cuidado, tratando a música como observador e elemento provocador de miscigenações sociais. Explicar como e porque das influências é de suma importância. Explicar momentos históricos e falar de evolução social.
Ficarelli: é importante suprir a infraestrutura básica necessária à preparação dos futuros profissionais da educação musical e de música para o ingresso na universidade de música. Preocupação dos pais quando seus filhos optam pela música como carreira.
Grupo: falta um embasamento dos alunos e é necessário reforçar os primeiros anos de estudo devido a esta lacuna deixada na educação básica.
Ficarelli: a formação deficiente dos músicos e professores relaciona-se à falta de assessoria “oficial” para os cursos “livres” (básicos) de música, como os que são oferecidos por escolas especializadas.
Grupo: discussão sobre as igrejas evangélicas que preparam músicos para tocar nos cultos, embora seja muitas vezes apenas “de ouvido”, sem embasamento teórico ou aprofundamento técnico. (Herci comentou que alguns tem sim esse embasamento).
Herci: ressaltou a eminente criação do Fundo Estadual de Cultura, que poderá auxiliar a suprir esta lacuna. Preocupação com o acesso à música nas escolas. O ensino musical é caro e os recursos necessários (partituras, instrumentos) são de difícil acesso e aquisição. A importância de lutar pelo barateamento de partituras e instrumentos, entre outros.
João Ba: importância de oferecer um repertório musical diversificado e que contemple principalmente as músicas de raiz, populares, ou seja, a música brasileira em geral.
Itamar: luta para superar a dicotomia entre as classificações de música “popular” e “erudita”, O incômodo que é ser considerado músico popular num universo erudito e vice versa. Citou o profícuo trabalho realizado por ele e sua equipe nos CEUS/SP com big bands e fanfarras. Nestes centros as crianças têm de 6 a 8 horas de estudo musical por semana.
Aída: preocupação com a formação do músico que vai trabalhar como professor de música, e destacou a necessidade de se lutar pelas aulas de música (com qualidade e profundidade) nas escolas do ensino básico, tanto públicas quanto particulares.
Ficarelli: editais de concurso para professor de “artes” ou “educação artística” que ainda não visam a contratação específica do profissional de cada linguagem artística.
Susana: colocou que esta problemática é nacional, e que muitos concursos têm forte foco em uma das linguagens (como plásticas), o que privilegia a contratação de profissionais desta área. Ainda não há um equilíbrio entre os profissionais das diferentes linguagens artísticas.
Grupo: discussão de um dos pontos cruciais: no momento não temos profissionais suficientes no mercado para atender a demanda da educação musical caso ela fosse instituída como disciplina independente em todas as escolas brasileiras.
Aída: não seria apropriado que a música, enquanto componente curricular independente nas escolas, reprovasse os alunos. É necessário que os professores sejam muito bem preparados – que sejam bons educadores musicais. Por isso da importância das licenciaturas específicas em cada linguagem artística.
Grupo: discussão sobre o canto orfeônico realizado nas escolas na época de Villa-Lobos e G. Vargas.
Susana: proposta da Osesp que gravou um CD com vários hinos brasileiros e fez um folder pedagógico. O mesmo pretendeu voltar o foco de trabalho para os elementos e práticas essencialmente musicais (sugestões de composição, execução e apreciação musicais). Desta forma, quiseram promover o “uso musical” do repertório (e não apenas o cívico, histórico, social, etc).
Adyel: cabe ao FPPM e aos demais Fóruns elencar os pontos considerados importantes para levar ao MINC. Não nos cabe fazer “economia” no que definimos como importante - que MEC e MINC se entendam. Sugeriu que saiamos da utopia e caminhemos para a realidade do que será realmente possível.
Claudia (e posteriormente Susana e outros): alguns assuntos terão que ser tratados com MEC e SESU, embora levemos as propostas ao MINC.
Flávia: as escolas paulistas da rede estadual receberam instrumentos para montar bandinhas rítmicas, mas falta capacitação dos professores. Poderiam ser criados cursinhos preparatórios para os vestibulares de música (Aída lembrou que algumas faculdades já os oferecem).
Claudia: preocupação com esta situação.
Susana: estes cursinhos podem ser interessantes nesta fase de transição (enquanto não há música em todas as escolas) e com certeza não substituem a implementação da música no ensino básico. O mesmo acontece com os cursos de formação continuada oferecidos para professores que não são da área, mas querem trabalhar música nas escolas – são paliativos e temporários.
Isabel: estes cursos cumprem uma função importante no sentido de mostrar a importância da contratação de professores que dominam os conhecimentos específicos da área para um trabalho conjunto.
Flávia: apontou um posicionamento político-pedagógico das faculdades que poderia ser eficiente: a realização dos estágios de licenciatura nas próprias escolas, o que poderia promover a consciência da importância da efetivação desta área do conhecimento no currículo. Ressaltou sua preocupação com o repertório trabalhado, pois constata certa distância entre o repertório dos alunos e o trabalhado em algumas escolas.
Grupo: discussão sobre o “status” dos cursos de licenciatura entre os vestibulandos (a idéia errônea de que são destinados àqueles que não são bons performers – exemplo da falta de valorização da profissão de professor). Muitos bacharéis acabam em sala de aula, ou pelo menos dando aulas de instrumento.
Susana: as faculdades deveriam oferecer também cursos de licenciatura para habilitar os professores de instrumento - para suprir a lacuna entre o curso de licenciatura (que deveria preparar professores para atuar na educação básica) e o curso de bacharelado (que deveria preparar o instrumentista).
Aída: “o que é ensinar música na escola?”, “quais são os métodos e o repertório ideais?”. Citou o método Kodaly e a experiência do ensino musical na Hungria, cujo principal foco é social. Ressaltou o valor social da música: ensinamos música para formar seres humanos melhores.
Herci: a inclusão social pela música pode ser feita a partir do canto, que é o instrumento musical natural de cada pessoa.
Grupo: discussão sobre as funções e justificativas da música na escola, elencando aspectos importantes como o desenvolvimento social, humano, etc.
Isabel: preocupação quanto ao equilíbrio das preferências musicais dos alunos e o repertório trazido pelos professores, tópico que pode ser contemplado na sua formação (entre outros). Problemas como disciplina e comportamento dos alunos e sua influência no ensino musical. É previsto que as escolas públicas incluam pessoas com necessidades especiais em todas as séries, e este aspecto precisa ser incluído na formação dos professores (apoio de Herci e Itamar). Há uma falta de material para este público (ex. deficientes visuais, auditivos, mentais).
Sandra: é importante que se contemple também a formação de platéia, visando o aumento do público que aprecia música ao vivo. Isto pode ser feito já nas próprias escolas.
Herci: um dos pontos importantes que precisamos lembrar em nossos trabalhos será o investimento a ser feito pelo MINC – questões de ordens financeiras mesmo.
Susana: talvez as propostas a serem levadas para a Câmara Setorial se subdividam em três áreas: legislativas (sugestões de mudanças em leis já existentes ou criação de novas); práticas, como projetos pontuais para o destino dos recursos financeiros do MINC; e “filosóficas” ou pedagógico-musicais, como as que tratam de conteúdos e materiais que poderiam integrar os currículos.
Cláudia: em todas estas áreas, perpassa a questão da vontade política, que é crucial para a sua efetivação.
Itamar: poderíamos fornecer dados concretos para o MINC sobre a situação das diversas sub-áreas da Câmara Setorial. Devemos avaliar bem onde queremos e podemos chegar. Criação do site do FPPM para a divulgação de nossas propostas.
Susana: site do Music Manifesto (http://www.musicmanifesto.co.uk/), um movimento parecido com o nosso e que despontou na Inglaterra em junho do corrente.
Grupo: a vontade de mudança dos músicos é muito forte, e que o momento é crucial para que possamos colaborar e ver as mudanças acontecendo.

Os tópicos previstos na pauta foram abordados, com concentração na definição dos pontos educacionais considerados importantes para o início dos trabalhos.
Claudia ressaltou que muitos pontos coincidem com o que foi exposto em Diadema. Como cada um recebeu em sua cópia, Susana sugeriu que o documento fosse analisado e que cada um trouxesse outras contribuições para trabalharmos a partir dele na reunião seguinte.
A segunda reunião foi marcada para o dia 09 de outubro às 19h, na Funarte, na expectativa de que todos os presentes e também os demais inscritos possam comparecer.